quinta-feira, 29 de outubro de 2015

COLHEITA DO PÊSSEGO EM PELOTAS SAFRA 2015/2016




PRIMEIROS PÊSSEGOS 

SERÃO SÓ PARA A INDÚSTRIA


Castigadas pelas condições climáticas, frutas não têm aparência nem sabor para in natura
A indústria de doces começa a processar as primeiras colheitas da safra de pêssegos 2015/2016. O que está sendo colhido agora só deverá ser aproveitado para conservas em calda. Isso porque a falta de frio durante o inverno antecipou a colheita em 15 dias e o granizo machucou os frutos, prejudicando a aparência para venda in natura.
Além disso, o longo período de chuvas e nebulosidade no início da primavera não deu condições da fruta alcançar coloração e sabor agradáveis, que são proporcionados pelo sol.
Para a indústria de doces e conservas esse começo de safra é um dos piores dos últimos dez anos. Nesse período, se caminhou com o objetivo de conquistar a confiança do mercado interno com melhoria da qualidade dos doces, que representam mais de 90% do abastecimento nacional.
Agora as cultivares mais precoces, como exemplo a Bonão, estão com muitos machucados causados pela chuva de granizo do início de setembro. Cerca de 11% dos pomares da principal região produtora foram atingidos.
Os frutos que estão maduros, quando descascados e partidos, mostram aproveitamento de apenas 35% da fruta, tirando os pedaços com feridas e danos. Na fábrica Crochemore, no 7º Distrito, as atividades iniciaram nesta sexta-feira e a expectativa é de que estes primeiros frutos só sejam aproveitados para conservas em fatias ou doces como pessegada e schmier.
“Temos que pensar no futuro, são muitos anos (150) que construímos essa história ligada ao município de Pelotas, não podemos esmorecer a relação do produtor com a indústria”, ressalta o presidente do Sindicato da Indústria de Doces e Conservas Alimentícias de Pelotas (Sindocopel), Paulo Crochemore.
A indústria se diz passar por uma ano de aperto. Mesmo tendo aumento no preço dos insumos (latas e açúcares), teve que proporcionar um acréscimo de quase 50% no preço do pêssego pago ao produtor, para não causar desmotivação frente à quebra da safra já estimada em 25%. A fruta tipo 1 vai ser recebida na indústria com base de R$ 1,50 o quilo e R$ 1,20 o tipo 2, contra R$ 1,00 e R$ 0,80 respectivamente no ano passado.
Em consequência, Paulo já estima que a lata chegue aos atacadistas a R$ 4,70 em média e com mais 70% sobre este preço ao consumidor. Mesmo assim ele relata ser um preço menor do que se o produto fosse trazido de fora do país.
No campo

Para os produtores a situação é também complicada, mas se mostra com chances de recuperação. Apesar das cultivares precoces terem sido afetadas pela podridão e os machucados, as mais tardias, que representam maior volume na safra, devem apresentar menos danos.
“Nós nunca tivemos uma situação como essa, teve falta de frio no inverno, excesso de calor na floração, granizo e muitos dias chovendo”, relata Marcos Schiller, presidente da Associação dos Produtores de Pêssego da Região de Pelotas (APPRP).
“Também pensamos na safra futura, no que gastamos nessa, no que perdemos e no que não vamos ter pra investir na próxima, em função da quebra”, estima Schiller. Ele conta que os ramos novos de cada árvore precisam se manter firmes para garantir os frutos do ano que vem. “Até que por tudo o que o pêssego passou, ainda vamos ter uma boa safra, com as variedades médias e tardias”, completa. Isso, se não chover granizo novamente.
O próximo passo agora é continuar lutando para conquistar as antigas demandas. Os primeiros pêssegos já estão sendo colhidos e necessitam de boa estrutura para escoamento.
Estradas. A boa condição das estradas no meio rural é fundamental para garantir a qualidade da fruta que vai chegar ao consumidor.

Frente à forte necessidade de manutenção das estradas, segundo os produtores, o grupo saiu na frente e se reuniu para arrumar parte das vias de escoamento. “Já tivemos muito prejuízo pelo clima e se tivermos nas estradas a produção será inviável”, alerta o também produtor Marcos Schiller.
 (Jornal Diário Popular /Cássia Medronha – Pelotas)

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