PRIMEIROS PÊSSEGOS
SERÃO SÓ PARA A
INDÚSTRIA
Castigadas
pelas condições climáticas, frutas não têm aparência nem sabor para in natura
A
indústria de doces começa a processar as primeiras colheitas da safra de
pêssegos 2015/2016. O que está sendo colhido agora só deverá ser aproveitado
para conservas em calda. Isso porque a falta de frio durante o inverno
antecipou a colheita em 15 dias e o granizo machucou os frutos, prejudicando a
aparência para venda in natura.
Além
disso, o longo período de chuvas e nebulosidade no início da primavera não deu
condições da fruta alcançar coloração e sabor agradáveis, que são
proporcionados pelo sol.
Para
a indústria de doces e conservas esse começo de safra é um dos piores dos
últimos dez anos. Nesse período, se caminhou com o objetivo de conquistar a
confiança do mercado interno com melhoria da qualidade dos doces, que
representam mais de 90% do abastecimento nacional.
Agora
as cultivares mais precoces, como exemplo a Bonão, estão com muitos machucados
causados pela chuva de granizo do início de setembro. Cerca de 11% dos pomares
da principal região produtora foram atingidos.
Os
frutos que estão maduros, quando descascados e partidos, mostram aproveitamento
de apenas 35% da fruta, tirando os pedaços com feridas e danos. Na fábrica
Crochemore, no 7º Distrito, as atividades iniciaram nesta sexta-feira e a
expectativa é de que estes primeiros frutos só sejam aproveitados para
conservas em fatias ou doces como pessegada e schmier.
“Temos
que pensar no futuro, são muitos anos (150) que construímos essa história
ligada ao município de Pelotas, não podemos esmorecer a relação do
produtor com a indústria”, ressalta o presidente do Sindicato da Indústria de
Doces e Conservas Alimentícias de Pelotas (Sindocopel), Paulo Crochemore.
A
indústria se diz passar por uma ano de aperto. Mesmo tendo aumento no preço dos
insumos (latas e açúcares), teve que proporcionar um acréscimo de quase 50% no
preço do pêssego pago ao produtor, para não causar desmotivação frente à quebra
da safra já estimada em 25%. A fruta tipo 1 vai ser recebida na indústria com
base de R$ 1,50 o quilo e R$ 1,20 o tipo 2, contra R$ 1,00 e R$ 0,80
respectivamente no ano passado.
Em
consequência, Paulo já estima que a lata chegue aos atacadistas a R$ 4,70 em
média e com mais 70% sobre este preço ao consumidor. Mesmo assim ele relata ser
um preço menor do que se o produto fosse trazido de fora do país.
No
campo
Para os produtores a situação é também complicada, mas se mostra com chances de
recuperação. Apesar das cultivares precoces terem sido afetadas pela podridão e
os machucados, as mais tardias, que representam maior volume na safra, devem
apresentar menos danos.
“Nós
nunca tivemos uma situação como essa, teve falta de frio no inverno, excesso de
calor na floração, granizo e muitos dias chovendo”, relata Marcos Schiller,
presidente da Associação dos Produtores de Pêssego da Região de Pelotas
(APPRP).
“Também
pensamos na safra futura, no que gastamos nessa, no que perdemos e no que não
vamos ter pra investir na próxima, em função da quebra”, estima Schiller. Ele
conta que os ramos novos de cada árvore precisam se manter firmes para garantir
os frutos do ano que vem. “Até que por tudo o que o pêssego passou, ainda vamos
ter uma boa safra, com as variedades médias e tardias”, completa. Isso, se não
chover granizo novamente.
O
próximo passo agora é continuar lutando para conquistar as antigas demandas. Os
primeiros pêssegos já estão sendo colhidos e necessitam de boa estrutura para
escoamento.
Estradas.
A boa condição das estradas no meio rural é fundamental para garantir a
qualidade da fruta que vai chegar ao consumidor.
Frente à forte necessidade de manutenção das estradas, segundo os produtores, o
grupo saiu na frente e se reuniu para arrumar parte das vias de escoamento. “Já
tivemos muito prejuízo pelo clima e se tivermos nas estradas a produção será
inviável”, alerta o também produtor Marcos Schiller.
(Jornal
Diário Popular /Cássia Medronha – Pelotas)
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